Comandante Glauco Pinto de Almeida a esquerda, de verde.O Comandante Glauco Pinto de Almeida foi o piloto que voou da fábrica Douglas Aircraft Company situada nos Estados Unidos para o Brasil com o avião denominado Douglas DC-6 exposto no museu de Bebedouro e único atualmente no Brasil, em uma época bem diferente, sem o aparato tecnológico atual. Os cálculos eram realizados na mão sobre quantidade de combustível, distância a percorrer, cartas aeronáuticas em papel, poucas informações meteorológicas; o ano era 1958 e o piloto precisava se virar e chegar ao destino. 

O Comandante Glauco Pinto de Almeida, desde o início um grande apaixonado pela aviação, brevetou pelo Aeroclube do Brasil do Rio de Janeiro e fez carreira na PanAir, onde alcançou todos os postos e pilotou todos os tipos de aeronaves, como PBY-5 Catalina, Douglas DC-3, DC-4, DC-6 A/C, Lockheed Constellation, Convair, Caravelle e outros. Quando a PanAir cessou as atividades, voou na aviação executiva, pilotando King Air e Citation. Foi um dos pioneiros do voo livre (asa delta) em São Conrado, no Rio de Janeiro. Ingressou no voo a vela, no AVVRJ - Aeroclube de Voo a Vela do Rio de Janeiro, no início da década de 1980, foi instrutor, piloto rebocador, competidor e Presidente do Clube. “Era muito querido por todos, fazendo amigos por todos os lugares onde esteve, desde os aeroclubes do interior até as grandes empresas de aviação comercial. Do primeiro casamento, teve dois filhos, já falecidos, e um casal de netos. Era excelente de papo e um grande companheiro de viagem, contava histórias incríveis de suas aventuras aeronáuticas”, contou o Piloto e amigo Marinho do AVVRJ.

No ano de 1998, durante o Campeonato Brasileiro de Planadores no Aeroclube de Bebedouro, ele visitou o museu e reencontrou o DC-6, muito emocionado em rever o avião que pilotou por muitos anos, abraçou a bequilha (trem de pouso dianteiro) do DC-6 e chorou muito ao relembrar os voos e a travessia entre os EUA e o Brasil. Todos que viram a cena se emocionaram ao ouvir a história sobre a viagem de chegada do avião ao Brasil.

O Aeroclube de Bebedouro iria convidar o Cmte. Glauco para a reinauguração do Museu de Bebedouro, mas infelizmente ele faleceu 16 dias antes da reabertura, no dia 12 de maio, aos 89 anos, no Rio de Janeiro, deixando esposa e netos.

Sobre o avião Douglas DC-6A/C, registro PP-LFB (cn 45528/1027) único no Brasil atualmente, foi construído no ano de 1958 e equipado com quatro motores Wright R-2800 a pistão e adquirido novo pelo Loide Aéreo Nacional, com subsídios do Governo Federal, em novembro de 1958, foi matriculado PP-LFB. Sem uso prático da aeronave, foi armazenado e em 29 de dezembro de 1958, (nesse momento ocorreu o traslado da aeronave para o Brasil) foi transferido para a PanAir do Brasil, mediante leasing, mantendo a mesma matrícula, batizado Bandeirante Fernando de Camargo. O avião retornou ao LAN em março de 1961, e em seguida, com a incorporação da LAN e da NAB pela VASP, foi “comprado” em janeiro de 1962, mantendo a mesma matricula; a  VASP operou o LFB até o ano de 1974, quando foi transferido para o Museu Eduardo André Matarazzo, onde se encontra exposto. 

Texto: Márcio José Martins - MTB. 78.950/SP

Amigo  e Glauco

DC6 no museu reinauguração

dc6 CHEGANDO AO BRASIL